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Dia Nacional do Surdo e de Libras: os desafios e as conquistas no processo do ensino bilíngue

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Marcelo Oliveira (Diário)

Neste sábado e domingo se comemoram, respectivamente, o Dia Nacional da Educação do Surdo e o Dia Nacional de Libra. O intuito é recordar as conquistas da comunidade surda e reforçar que muitos outros obstáculos precisam ser rompidos.

Quando se fala sobre a educação da população surda, os percentuais ainda são baixos. De acordo com uma pesquisa realizada ainda em 2019 pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Semana da Acessibilidade Surda, foi registrado que cerca de 7% dos surdos brasileiros têm ensino superior completo. Apenas 15% frequentaram a escola até o Ensino Médio e 46% até o fundamental. Ainda, 32% da comunidade não possui nenhum grau de escolaridade.

Em Santa Maria, a Escola Especial Dr. Reinaldo Fernando Cóser conduz o ensino dos alunos com uma abordagem bilíngue, em que a língua dos sinais e o português escrito são a primeira e segunda língua ensinadas aos alunos.

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EDUCAÇÃO DA COMUNIDADE SURDA DE SANTA MARIA
A escola abriu as portas em 2000, e conta atualmente com turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e formação de professores surdos (magistério), além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Atualmente, é a única escola para surdos na Região Central do Estado.

Ao todo, são 68 alunos surdos matriculados, usuários de libras ou não, com idades que vão dos 3 aos 65 anos. Durante a semana, a escola realizou atividades em sala para relembrar as questões históricas da comunidade surda e os responsáveis pela implementação de leis importantes. Um exemplo é o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que, em 2002, foi caracterizada como meio legal de comunicação e expressão, através da lei nº 10.436.

O diretor da escola, que também é surdo, Jeferson De Oliveira Miranda, de 59 anos, trabalha na escola desde a fundação. Ele conta que a convivência com pessoas surdas é muito importante para os estudantes, principalmente quando a família é ouvinte. No momento, a escola enfrenta o problema da falta de transporte escolar, que impede que 29 alunos tenham acesso à escola. 

- Manter esse estímulo é muito necessário. Quando a família não tem um conhecimento sobre a língua de sinais, o aluno fica sozinho, nem todos possuem um celular com internet. A escola segue enviando atividades, mas o mais importante é estar aqui dentro da escola, onde usamos a língua de sinais - comenta.

A equipe é composta por 22 professores, três deles são surdos, e todos os ouvintes são fluentes em língua de sinais. Para auxiliar os alunos, dois monitores, também surdos, trabalham no local. Segundo a coordenadora pedagógica e professora Marenize Santos Eder, de 49 anos, a grade curricular da escola é semelhante ao de uma instituição de ensino regular. As peculiaridades estão relacionadas à questão do estudo da cultura surda, e a língua de sinais possui uma carga horária semelhante à de língua portuguesa escrita, que é a segunda língua da comunidade surda.

- Recebemos muitos alunos no meio do Ensino Fundamental, depois de anos na escola regular, onde ele não acompanhou o ensino. Ele chega aqui com uma defasagem muito grande. 

Durante a pandemia, as estratégias foram adaptadas para não interromper o ensino. Sem o contato presencial, o período foi difícil para os alunos.

- Foi complicado, porque não existe a possibilidade de gravar um vídeo oral, por exemplo. Realizamos o envio das atividades escritas em língua portuguesa, que é a nossa segunda língua. Era necessário trabalhar a língua de sinais, o que não era possível. - relembra.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Desde 2006, a escola deu início ao curso de formação de professores surdos, e é a única escola da América Latina a oferecer esse tipo de serviço. Existe a possibilidade de realizar a formação no magistério no curso diurno, com duração de três anos e meio, enquanto o noturno possui duração de quatro anos. Além deste período, ambos possuem mais um semestre de estágio curricular. Até 2018, a escola contabilizou a formação de 52 no curso.

Para realizar a inscrição na escola, é necessário apresentar a comprovação de que o aluno é surdo. Atualmente, a escola conta com alunos de Itaara, Arroio Grande, São Vicente, São Sepé, Formigueiro, Tupanciretã, entre outras.

A IMPORTÂNCIA DE ESTIMULAR O CONHECIMENTO DA LÍNGUA DE SINAIS 
A visibilidade da comunidade surda cresceu ao longo dos últimos anos, mas é nítido que muito ainda precisa ser conquistado. Incluir essas pessoas na comunidade é um dos maiores desejos de quem atua nessa área, mas, para isso, é necessário que a sociedade esteja apta para receber essas pessoas. Marenise trabalha há 14 anos na Coser e há 25 anos com o ensino de surdos, e, ao relembrar da trajetória, reconhece as questões que precisam de destaque. Segundo ela, é necessário estimular a curiosidade nas pessoas, para adquirir, no mínimo, um pequeno conhecimento sobre a língua de sinais.

- Precisamos perceber essa pessoa surda assim que ela chega em um centro comercial, por exemplo. Ela merece ter o direito de ser atendida por alguém que saiba a língua de sinais. Queremos que essas pessoas sejam vistas como sujeitos de direitos na sociedade, esse é nosso grande sonho.

A escola, localizada na Rua Valdemar Coimbra, na Vila Lorenzi, está com as portas abertas para alunos surdos, para estudo e também formação no curso de magistério. Mais informações podem ser obtidas através do (55) 3211-4774.

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